quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A Sociedade portuguesa: um retrato: uma sociedade plural


A sociedade portuguesa: Um retrato: uma sociedade plural


Portugal foi durante muito tempo uma sociedade tradicionalmente unitária e muito homogénea. Em poucas décadas, a sociedade abriu-se e passou a caracterizar-se pela pluralidade.


Coexistem no nosso país várias etnias, falam-se diversas línguas, as religiões e os cultos são variados. O multiculturalismo começou a ser uma realidade não só devido aos imigrantes mas também por via das influências culturais externas, oriundas de países europeus e americanos. A cultura e o consumo de massas, assim como a integração europeia, reforçam esta pluralidade.


Já não existe entre nós o conceito de uma pátria, um deus, uma família! Os portugueses são hoje mais diversos, já não há católicos mas também islamistas, hindus, judeus, ortodoxos, protestantes, testemunhas de Jeová, entre outros. Todos têm direito a ter os seus templos, os seus deuses e a sua maneira de rezar.


Os portugueses já não são só brancos europeus, são também negros, mestiços ou amarelos; muitos nasceram em França ou na Alemanha, filhos de emigrantes, ou em Angola e Moçambique, filhos ou netos de colonos.


Por todo o lado já não se fala apenas português, fala-se o inglês dos turistas, o francês dos emigrantes, o brasileiro, o ucranianos, o russo ou o crioulo, o mandinga ou o choza, o chinês ou o timorense.


Onde outrora predominavam os homens, hoje preponderam as mulheres: nas fábricas, nas universidades, nos empregos, nas Forças Armadas, nos cafés, á noite nas ruas e nos bares.


Na vida política todas as opiniões existem e são válidas e livres. Podem ser de conservadores, reformistas, revolucionários, progressistas, anarquistas ou reaccionários. Podem ser de crentes ou de ateus, pode-se defender o Estado ou a iniciativa privada, o socialismo ou o capitalismo.


As comunidades deixaram de viver fechadas sobre si mesmas uma vez que as pessoas se deslocam com facilidade a outros locais. Ao contrário do que se passava há 50 anos atrás, muitas pessoas casam com gente de outros lugares e não forçosamente da mesma terra.


Os portugueses diversificaram-se e misturaram-se: as distâncias encurtaram, chegando-se facilmente a qualquer sítio. O país está aberto a si mesmo graças á evolução das estradas e auto – estradas, em pouco tempo se atravessa o país de uma ponta à outra.


Já antes da chegada maciça dos “retornados” e dos imigrantes se tinham verificado pressões sociais e culturais no sentido do pluralismo e de um desejo expresso de abertura por parte da população.


Os estrangeiros em Portugal trouxeram novas culturas e costumes e isto já se observava nos anos sessenta e setenta com a chegada de turistas estrangeiros ao nosso país. Com esta mudança os portugueses começaram a aprender a viver com a diferença, a socializar com o outro.


Também na política o pluralismo se instalou. A existência de vários partidos e a competição eleitoral são prova disso. Há também pluralismo cultural. A expansão da cultura de massas, com o grande contributo da televisão, da música pop e do cinema, consolidou o pluralismo o qual Portugal estava aberto a aceitar.


Actualmente podemos adquirir roupa vinda de qualquer país e ler jornais periódicos estrangeiros. Podemos ver cinema chinês ou indiano, frequentar exposições de arte oriental, frequentar discotecas africanas e comer em restaurantes de todo o mundo. Tudo isto era praticamente impossível há trinta anos atrás.


A nível social também o pluralismo se observa, isto porque a sociedade portuguesa está menos polarizada. No início da década de sessenta a classe média era reduzida e pouco diversificada.


As classes dirigentes também eram de reduzida dimensão e pouco variadas. As classes operárias vinham do início do século mas eram muito concentradas, localizadas e minoritárias. A maior parte da população vivia em meio rural ou quase rural (cerca de 70%) e encontrava-se dispersa e sem unidade.


A situação actual é diferente. As classes dirigentes alargaram as suas dimensões e a classe média generalizou-se pelo país, embora se encontre novamente em decréscimo, a realidade é que é desta classe média que vieram novos interesses para o país, aumentou a sua instrução, e os seus conhecimentos consolidaram as suas aspirações.


Em suma, actualmente temos um pluralismo social, religioso, étnico e cultural.


Síntese do artigo: A Sociedade Portuguesa: Um Retrato – António Barreto – Associação Portuguesa de Seguradores, Museu do Oriente, Lisboa, 8 de Outubro de 2008
Fonte: imagem

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