terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A Sociedade Portuguesa: Breve história de um país IV


A Sociedade Portuguesa: Breve história de um país IV



Nos anos sessenta Portugal oferecia a imagem geral de uma sociedade rígida, conservadora, quase imutável, economicamente atrasada e socialmente opressiva e culturalmente bloqueada. A verdade é que o país, num curto espaço de três décadas mostrou extraordinárias capacidade de mudança e de flexibilidade de adaptação a novas realidades, que lhe permitiu avançar economicamente, socialmente, culturalmente, etc. apesar do mal – estar actual face à situação vivida e de estarmos, novamente, a perder caminho comparativamente com outros parceiros europeus, é inegável que até ao inicio dos anos dois mil, o progresso e o crescimento em Portugal foram espantosos.


Vivemos numa época d grande consenso constitucional. Desde 1820, data simbólica do início da monarquia constitucional que não se registava um tão claro consenso. Quase sempre, nos séculos anteriores, a Constituição e o regime tinham sempre pontos de exclusão: pessoas, grupos, partidos, religiões, igrejas, ideias de regime ou ideologias. As divisões sociais e políticas eram radicais e exclusivas. Os sucessivos conflitos entre cartistas e vintistas, entre absolutistas e liberais, entre os diversos partidos da monarquia, entre a Igreja e o Estado, ou entre católicos, agnósticos e ateus; entre republicanos e monárquicos, ou entre corporativistas e democratas raramente confluíam numa coexistência pacífica.


Actualmente, o regime constitucional parece contemplar o essencial das forças políticas e das correntes de pensamento, e se não as alberga, também não as impede ou limita. Não há exilados, nem deportados, nem refugiados ou presos políticos. Vivemos numa fase de quase total liberdade de associação e expressão, na qual a maior parte dos partidos políticos e das forças sociais com significado se revê na Constituição.


Foram décadas muito marcantes da nossa história nacional e que nos mostram um período de incrível crescimento económico e de profundas alterações na estrutura social do nosso país. De uma população rural fechada, pouco diversa, orientada politicamente por um regime autocrático, ruralizada e sem perspectivas de abertura e expansão, tornamo-nos um povo etnicamente variado, aberto à economia europeia e mundial, especializado no sector terciário, aberto ás artes e á cultura, capaz de progredir a par com outros países europeus. Agora parece que estamos a regredir, mas esperemos que o povo que uma vez já inverteu totalmente o rumo da sua história, de forma tão notável, o faça novamente.

Imagem

Síntese do artigo: A Sociedade Portuguesa: Um Retrato – António Barreto – Associação Portuguesa de Seguradores, Museu do Oriente, Lisboa, 8 de Outubro de 2008

Sem comentários:

Enviar um comentário