terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A Sociedade portuguesa: um retrato: de uma sociedade rural para uma sociedade urbana


A Sociedade portuguesa: um retrato: de uma sociedade rural para uma sociedade urbana



Estas quatro décadas foram também anos de uma acelerada urbanização. As pessoas adquiriram poder de compra, a banca expandiu-se e com estes subiu o número de carros no país.


As pessoas migraram para as cidades e milhares de pequenas aldeias e localidades foram praticamente abandonadas, tendo-se registado um agrupamento populacional denso nas pequenas cidades e nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.


Em consequência deste êxodo rural para as cidades, observou-se um crescimento desorganizado das mesmas. Este crescimento desordenado resultou da ausência de experiência, por parte das entidades competentes, em organizar e planear os meios urbanos, bem como a falta de tradição de planeamento urbanísticos.


As cidades cresceram demasiadamente depressa e de forma desordenada, situação que ainda hoje se faz sentir. A realidade é que em Portugal tudo parece ter acontecido de uma só vez, tal não foi a rapidez com que estas mudanças ocorreram.


Não houve tempo para consolidar uma sociedade urbana industrial que desse depois lugar a uma sociedade de serviços. Em Portugal passamos imediatamente de uma sociedade rural para uma sociedade urbana de serviços, dada a fraca expressão da indústria no nosso país, nunca chegamos a ter, como noutros países europeus, uma sociedade industrial.


De repente, nos anos sessenta, a urbanização, a tercialização e a industrialização aconteceram num curto espaço de tempo. A população abandonou os campos e rumou às cidades, a agricultura passou para último plano, as cidades cresceram desorganizadas, o poder de compra aumentou e com ele a compra de mais carros e casas.


A urbanização sofreu ainda a ausência de experiência e de tradições de planeamento urbano, agravada pela burocracia e pela corrupção. Assistiu-se a uma urbanização desorganizada, sem regras nem planos, muitas vezes sem infra – estruturas de apoio e sem acessos.


Nas cidades multiplicaram-se os prédios suburbanos sem qualidade, as vivendas clandestinas e os inúmeros bairros de lata. Em três décadas foram construídas dezenas de milhar de barracas e de habitações ilegais.


Só muito recentemente os poderes públicos iniciaram planos de destruição destes bairros de lata mas, em relação às habitações ilegais, limitam-se a legalizá-las, mesmo quando estas não apresentam as condições necessárias.


Síntese do artigo: A Sociedade Portuguesa: Um Retrato – António Barreto – Associação Portuguesa de Seguradores, Museu do Oriente, Lisboa, 8 de Outubro de 2008



Fonte: Imagem

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